De repente você começa a suar frio, sente arritmia cardíaca, dor no peito, dormência nos braços, sensação de cansaço e começa a ficar ansioso. E na tentativa de encontrar soluções rápidas recorre ao Dr. Google. Lá encontra um site sobre saúde que diz que seus sintomas podem ser o de um pré-infarto, se desespera, fica ainda mais ansioso e corre pro pronto socorro mais próximo onde acaba sendo avaliado, medicado e encaminho a um psiquiatra por suspeita de crise de estresse, mas você prefere achar que tem problemas no coração do que ir ao psiquiatra, pois ainda existe um tabu na sociedade associado à falta de informação, de que psiquiatra ou psicólogo é coisa pra ‘louco’.
Os sintomas se agravam, você compra livros de autoajuda, lê frases de Osho, toma um chá que sua amiga lhe ensinou, faz meditação autoguiada pelo YouTube e passa meses relutando em procurar ajuda profissional enquanto seu quadro só piora.
Recebo diariamente dezenas de mensagens e emails com perguntas sobre crises de ansiedade, síndrome do pânico e depressão. E mesmo tendo um dever ético de ajudar a quem procura auxílio, respondo que a melhor forma de ajudar alguém que está passando por um momento de sofrimento psicológico, é recomendando que a pessoa procure ajuda profissional médica ou psicológica o mais rápido possível. É impossível dar qualquer tipo de laudo ou avaliação sem uma minuciosa investigação dos sintomas e do histórico clínico de um paciente. Além do mais, exames complementares são fundamentais em qualquer processo de diagnóstico. Tanto que hoje em dia a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que profissionais da saúde adotem o modelo de atendimento em equipe multidisciplinar, onde médicos, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, agentes de saúde, assistentes sociais e outros profissionais trabalham em conjunto.
No mais, apesar de toda a sobrecarga na demanda por atendimento no SUS, a grande maioria dos casos já estão em estado avançado e requerem tratamentos médicos de emergência, medicamentos e procedimentos que custam caro aos cofres públicos, ou seja, a nós contribuintes.
Quanto mais cedo um paciente procura ajuda profissional, menores são as possibilidades de um agravamento no quadro de saúde do mesmo. E maiores são as chances de se ter um prognóstico positivo, ou seja, trabalha-se melhor com a prevenção, que talvez seja a única forma de desafogar o sistema público de saúde, que ao contrário do que muitos dizem já foi bem pior no passado.
Hoje temos unidades básicas de saúde em praticamente todas as zonas das grandes cidades, policlínicas, distribuição de medicamentos gratuitos e agendamento de consultas e exames online. Nunca o acesso à saúde foi tão prático e cômodo como nos dias de hoje. Há, de certa forma, uma insuficiência em atender toda a demanda de casos complexos, que repito, só se agravam por falta de prevenção.
Portanto, antes de se autodiagnosticar ou procurar ajuda online, procure sempre um profissional qualificado e especializado no assunto.